quarta-feira, 2 de agosto de 2023

 

                                                     A cirurgia
            

            Desapressado, coloquei o jaleco, a touca verde-clara e sentei-me na poltrona do quarto do hospital para esperar a maca. Subitamente corri para o banheiro e todos me olharam apreensivos, preocupados com o meu estado emocional. Naquele momento eu só queria me olhar no espelho, e rir. Aquele jaleco, aquela touca, a barba por fazer, me fizeram rir até me urinar todo, dando um grande trabalho às pessoas que me acompanhavam. Elas, solidárias, riam também, sem entender que eu, naquele momento, descia da soberba e me enxergava como realmente sou: um monte de carne podre.

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