sábado, 11 de fevereiro de 2023

 

Controladora

        Mesmo após a nossa separação ela continuava a me controlar. Sua presença era constante na minha vida e isso não deixava de ser uma forma de controle. Eu tentava me esquivar, sumia por uns tempos, mas ela sempre conseguia me encontrar. Nós não nos encontrávamos fisicamente. Ela aparecia, ora em um prato que eu pedia em um restaurante, ora na imagem de uma atriz famosa, ora emitindo seu cheiro no corpo de outra pessoa. Até na graça de um inocente cachorrinho de rua, que ela tanto gostava, aparecia para me controlar.

        Um dia nós nos encontramos, Ela estava feliz, não sei por que, e eu, sofrido, não me expus. Ela me falou de sua vida, de seus projetos, e eu me senti tão insignificante diante daquela exuberância toda que descobri, naquele momento, que aquela solidão cósmica, aquela presença constante de um ser inexistente, só eu sentia, e que o melhor que eu tinha a fazer era aceitar a derrota e me iniciar novamente na arte da conquista, para, no fim, me envolver mais uma vez com o fardo da separação.

Um comentário:

  1. Ser controlado seja de que forma for é sempre desagradável e funesto. Impossível dar certo.
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    Feliz fim de semana… cumprimentos cordiais.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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