Nudez
Quando eu chegava em casa, ia tirando as peças de roupa e deixando-as espalhadas pelos cômodos, só voltando a me vestir nas raras vezes em que saía novamente. Vivia a maior parte do tempo nua, até o dia em que um homem ligou, descrevendo pormenores da minha intimidade. Tomada por uma sensação incontrolável de pânico, passei a suspeitar de todos os homens da cidade, no entanto, o homem, arrependido, mandou-me uma carta se desculpando pelas suas fraquezas, prometendo não mais me importunar. Afirmou ter agido daquela forma por não ter encontrado a maneira adequada para dizer que me amava.
Eu senti que suas palavras eram
sinceras, e aos poucos, voltei a abrir a janela e a procurar, nas janelas dos
prédios vizinhos, algum vulto que o identificasse. Logo voltei a me despir, sem
que ele se manifestasse, e hoje, vivo na mais completa solidão.
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