A Mosca e Eu
A vontade aumentava e
eu ia blasfemando a fragilidade humana, essa necessidade de ingerir, digerir e
excluir. Ingerir às vezes sem necessidade, como se aproveitando o máximo da
derradeira refeição, e logo em seguida, excluir; se bem que poucas vezes em situações
inusitadas como a que eu me encontrava: caminhando, suando, blasfemando, mas
impossibilitado de tomar uma atitude.
Entrei numa
lanchonete. Não havia banheiro. Pelo menos não havia uma porta fora do balcão
que se pudesse julgar ser um banheiro. Lembrei-me dos lotes vagos que existiam
na cidade. Talvez uma moita e algumas folhas me fossem de grande utilidade
naquele momento.
Apertei o passo em
direção ao meu apartamento. Parei de blasfemar e passei a pensar em
Neurocirurgia Estereotáxica.
Não adiantou! No elevador, que felizmente estava vazio, um mosquito rodeou a minha calça branca, talvez procurando uma maneira de ingerir o que eu acabara de excluir.
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