O
sequestro
Sequestrei a mim mesmo e passamos o fim de semana na casinha de praia do meu tio pobre. Queria ficar sozinho à beira mar, queria a liberdade.
Já na casa, tentei limpar a poeira impregnada no assoalho
e nos móveis, e nessa hora alguns caranguejos entraram pelas frestas das tábuas da
varanda, colocando-me na situação ridícula de subir em uma cadeira e esperar,
pacientemente, que eles atravessassem a sala a procura de alimento. Mais tarde
o vento ocupou toda a casinha, e umas latas que ajudavam na proteção do telhado
despencaram, fazendo com que todos os outros animais, residentes ali,
participassem dos movimentos da casa.
Cumpri, pacientemente, minha determinação de
estar naquele lugar, e descobri que, ao contrário do que pensava, não são os
monstros da cidade, e sim, os minúsculos animais de pequenos lugarejos que me
causam tanto pavor.
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