domingo, 26 de outubro de 2025

 

Se não existisse a morte

            Imagino-me em um filme, eu o ator, o criador, o diretor. Fácil viver lá dentro. Lá eu não tenho medo, eu represento o medo. Eu posso estar andando nos becos mais sórdidos e, de repente, ser hostilizado por um grupo de viciados. Minha reação pode ser infinita:  posso me impor, lutar até a morte, posso usar como arma a retórica, depende do texto, posso sair dali sem que ninguém me veja, posso até morrer que nada vai mudar (eu não vou morrer mesmo!) No fim eu troco de roupa e vou-me embora.

         Se não existisse a morte nós viveríamos eternamente dentro de um filme, sem medo, sem angústia, mas também, o nosso tédio seria bem maior.

  

Nenhum comentário:

Postar um comentário