sábado, 29 de março de 2025

 

Pronto

Polípono,  polónopo,  patílogo

 Pecípito, podúboro, paléfico.

 Precípito, prontísquo, presépilo

Prismálogo, prontívoro, pronto!

quarta-feira, 26 de março de 2025

 

Isca de peixes

            A minhoca é inofensiva. Não tem o veneno da abelha, nem a picada da formiga. Ela só revolve a terra para que as plantas nasçam exuberantes. Com aquele seu gênio manso serve também para cobrir o anzol como isca para peixes.

quarta-feira, 19 de março de 2025

 






A bailarina da caixa de música

                     A bailarina da caixa de música esvoaça pelo ambiente. A música pode
ser a mesma de toda a vida, no entanto, única e prazerosa. A barra da saia da
bailarina já está gasta pelo atrito com a caixa, porém, a delicadeza de seus
movimentos a torna passarinho.

sexta-feira, 14 de março de 2025

 

O cisco

            Tudo tem o seu valor, até um cisco insignificante, principalmente se ele estiver alojado no olho de uma pessoa. Ele pode leva-la ao hospital ou acabar com a alegria de muita gente. Pode impossibilitar um presidente de pronunciar o seu discurso, ou fazer com que um motorista encoste o seu carro no acostamento; isso se ele já não tiver causado um grande acidente. O cisco tem seu valor. Um cisco tem sua importância. Eu sou um cisco. Talvez o cisco do cisco, se comparado à grandeza do universo.

            A terra é um cisco, e eu, na terra, sou insignificante. É tão difícil aceitar a nossa insignificância, mas com o passar do tempo você vai virando um cisco verdadeiro, um cisco com significado, daqueles que exigem e incomodam: o verdadeiro cisco no olho.

sábado, 8 de março de 2025

 


A festa no céu

            A gaivota mergulha e bica o peixe, antes que este coma outros peixes. O urubu brilha nas alturas procurando podre. Andorinhas bailam, ao entardecer, consumindo insetos. A festa no céu anda de braços dados com a carnificina do existir.

domingo, 2 de março de 2025

 

Nádegas

            As nádegas são mais solenes do que as bundas. Determinaram que bunda é vulgar e nádega, não. Há mulheres que não têm bunda, têm nádegas. O que elas têm não tem volume, não tem o poder de uma bunda. A função da bunda é a de despertar desejos, encantos, além de proporcionar à sua proprietária mais conforto ao sentar-se. E só! Para o homem a bunda da mulher não tem outra função senão a de despertar desejo e de sentar.

            A nádega não encanta, é só a falta de bunda, que se apropriou de um nome pomposo que pode ser dito em solenidades.