O chato
Há dias em que você não quer ver
ninguém, e justamente nesses dias os chatos resolvem telefonar ou aparecer.
Você vai, pé-ante-pé, e constata, através do olho mágico, que é o chato!
Enquanto você está pensando se vai ou não abrir a porta, o telefone toca. O
telefone tem que ser atendido, pois pode ser alguma coisa grave. Você fica sem
saber se continua a observar no olho mágico ou se vai atender, e meio
desesperado, diz em voz alta: “espera ai um momentinho”. Corre para o telefone
e diz: “espera ai um momentinho”. Volta correndo, abre a porta e antes mesmo de
dizer que vai atender o telefone, o chato te abraça e te cospe todo, dizendo
que você está ótimo. Quando você finalmente tenta dizer que vai atender o
telefone ele diz que acabou de vir do cinema, e, pegando no seu braço, começa a
contar o filme aos berros, acordando a sua filhinha recém-nascida. A filha chora e o chato continua contando o
filme até você se lembrar de que o telefone está para ser atendido, e quando
corre para atendê-lo, se depara com um outro chato que, quando para de falar, o
chato cinematográfico, desistindo de esperar, já partira sem se despedir.
Aí você vai para o quarto, tentar ajudar a sua mulher a cuidar da filhinha chorona.
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