sábado, 8 de junho de 2024

 

O chato

            Há dias em que você não quer ver ninguém, e justamente nesses dias os chatos resolvem telefonar ou aparecer. Você vai, pé-ante-pé, e constata, através do olho mágico, que é o chato! Enquanto você está pensando se vai ou não abrir a porta, o telefone toca. O telefone tem que ser atendido, pois pode ser alguma coisa grave. Você fica sem saber se continua a observar no olho mágico ou se vai atender, e meio desesperado, diz em voz alta: “espera ai um momentinho”. Corre para o telefone e diz: “espera ai um momentinho”. Volta correndo, abre a porta e antes mesmo de dizer que vai atender o telefone, o chato te abraça e te cospe todo, dizendo que você está ótimo. Quando você finalmente tenta dizer que vai atender o telefone ele diz que acabou de vir do cinema, e, pegando no seu braço, começa a contar o filme aos berros, acordando a sua filhinha recém-nascida.  A filha chora e o chato continua contando o filme até você se lembrar de que o telefone está para ser atendido, e quando corre para atendê-lo, se depara com um outro chato que, quando para de falar, o chato cinematográfico, desistindo de esperar, já partira sem se despedir.

            Aí você vai para o quarto, tentar ajudar a sua mulher a cuidar da filhinha chorona.

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