sábado, 16 de dezembro de 2023

 

O Braço

Foi uma brusca freada, e eu, da varanda, de rosto franzido e olhos fechados, esperei por intermináveis segundos até que o carro parasse, e justamente nessa hora, ouvi um barulho seco, compacto, vindo do telhado, como se um saco de farinha tivesse sido jogado ali. Olhei para cima e do lugar onde me encontrava vi apenas alguns dedos transpondo a quina da calha. Peguei rapidamente a escada e subi, na tentativa de salvar aquela criatura, porém, em cima do telhado só havia um braço acompanhando aqueles dedos inertes.

          Desesperado, olhei para a rua e gritei, chamando as pessoas que pareciam procurar algo ao redor de um corpo já coberto com folhas de jornal.

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