quinta-feira, 15 de junho de 2023

 

O tempo e o sonho

            José Abascal – peguei esse nome numa agenda espanhola - acorda assustado com o bater de uma porta, justamente quando no sonho ele leva um tiro. Maria Bassas, também da agenda espanhola, temerosa, pede para que ele faça uma vistoria na casa. Pode ser um ladrão, ela diz. Ele, impaciente, levanta-se e vai olhar. É o vento, ele diz, depois completa: eu estava sonhando e.... conta o sonho. Isso já aconteceu comigo. Isso o quê? ele pergunta, e ela descreve um sonho onde cai, e quando bate com a cabeça no chão, acorda com o barulho de um abacate se desprendendo do pé e caindo sobre o telhado. Quem sabe os acontecimentos do sonho caminham de acordo com o barulho que se fará ouvir, diz Abascal. Maria Bassas não entende. Se fosse um daqueles sustos, ele diz, que a gente leva de vez em quando, tudo bem, mas o barulho da porta batendo tem que coincidir com o tempo do sonho. Coincidir exatamente! Será que vamos sonhando vagarosamente para que o barulho do tiro coincida com o da porta batendo, como foi no meu sonho? Maria fica pensando, e logo se distrai com a possibilidade de o ladrão já estar dentro da casa.

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