quarta-feira, 24 de maio de 2023

 

O Banquete

Acordei com o sol queimando-me o rosto. Abri vagarosamente os olhos, e após ser agredido por uma intensa claridade, deparei-me com o azul deslumbrante de um céu sem nuvens. A cidade borbulhava. Queria estar longe de casa, porém, quando criei coragem para olhar ao redor, descobri estar na Praça Antero de Quental, no Leblon, bem em frente ao prédio onde moro. Aos poucos fui me lembrando da festa, da minha briga com a Marta após a saída dos convidados, da sua maneira agressiva me mandando tomar cachaça com os mendigos da praça.  Lembrei-me da minha determinação, comprando várias garrafas e oferecendo um banquete aos meus novos amigos. Aos poucos as imagens foram ressurgindo, e com dificuldade, apoiei-me numa árvore para me levantar. Algumas babás, assustadas com a minha aparência, chamavam as crianças para junto delas.

Quando eu vi que estava todo mijado e cagado, coloquei a camisa sobre o rosto e caminhei cambaleando para o meu prédio.

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