O Duque de Valparaíso
Ele chegava ao fim da tarde e sentava-se, invariavelmente,
nos mesmos cacos que o proprietário do botequim insistia em chamar de banco. À
partir daquele momento, era um alvoroço lá dentro, com o dono do
estabelecimento cortando o salame em fatias finas - exigência do Duque - e a
mulher do proprietário servindo uma generosa dose de cachaça num copo grande.
Os clientes, que eventualmente estivessem ali naquela hora, permaneciam-se
calados, até quando ele tomava a terceira pinga, jogava os restos de salame para
o gato, e saía.
O Duque, por sua fama de impiedoso matador, era muito
respeitado no Bairro Valparaíso, e seu apelido, que todos conheciam, apesar de
ninguém ter coragem de pronunciar na sua presença, viera após ele ter sido
mordido por um cachorro de nome Duque, e ter revidado, mordendo-o até a morte.
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