Solidão da Solidão
Eu
não aguentava mais o meu chulé; não por não lavar os pés, e sim, por não ter
ninguém para lavar as minhas meias, as minhas cuecas, as calças e camisas. Eu não
aguentava mais tomar sopa, comer sanduíche, andar amarrotado. Não aguentava a
poeira ultrapassando os limites dos cantos dos móveis, as panelas engorduradas,
acumulando moscas, a cama eternamente por fazer.
Eu não aguentava viver a solidão da solidão, e num momento inesperado, Dona Ruth voltou para pegar alguns pertences que deixara para trás, e depois de inspecionar a casa, e de sensibilizar-se com a minha postura carente, resolveu retornar ao trabalho, exigindo, obviamente, um salário mais elevado.
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