O filme
Imagino-me em um filme, eu o ator, o criador, o
diretor. Fácil viver lá dentro. Lá eu não tenho medo, eu represento o medo. Eu
posso estar andando nos becos mais sórdidos e, de repente, ser hostilizado por
um grupo de viciados. Minha reação pode ser infinita: posso me impor, lutar até
a morte, posso usar como arma a retórica, depende do texto. Posso sair dali sem
que ninguém me veja, posso até morrer que nada vai mudar. Eu não vou morrer
mesmo! No fim eu troco de roupa e vou-me embora.
Se não existisse a morte nós viveríamos eternamente dentro de um filme, sem medo, sem angústia por sabermos que ela não estaria nos espreitando, com aquela sua roupa preta e a foice em uma das mãos. Mas sejamos sinceros: o nosso tédio seria bem maior.
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