As ferrugens das
coisas
Acordei inseto de aranha. Tentei me desvencilhar e quanto mais
dava braçadas, mais me afundava em teias. O ar escasso me sufocava e o medo do
isolamento me transformou em cuspe de sapo. Quando dei por mim, já estava a
caminhar numa avenida, e como num sonho, tentava, inutilmente, evitar o olhar
de transeuntes assustados e curiosos, como se dissecando as carnes e pelos do
meu corpo nu. Nesse momento eu me entreguei às ferrugens das coisas.
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